Publicado por: sdaviseu | 18 de Janeiro de 2012

Ecumenismo: Vaticano II mudou atitude católica

Arcebispo emérito de Braga, teólogo da UCP e bispo da Igreja Lusitana sublinham importância do Concílio que se iniciou há 50 anos para o diálogo entre cristãos

O teólogo José Eduardo Borges de Pinho, professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP), considera que a prioridade dada atualmente ao ecumenismo na Igreja Católica seria “impensável” sem o Concílio Vaticano II (1962-1965).

A posição é assumida em texto publicado na mais recente edição do Semanário Agência ECCLESIA, num dossier dedicado à Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, que hoje se inicia.

Para o especialista português, a questão ecuménica esteve presente “logo na intenção de convocar o Concílio”, por João XXIII (1881-1963), Papa que criou o Secretariado para a Unidade dos Cristãos (15.06.1960).

“Do ponto de vista ecuménico, o Concílio representou um profundo salto qualitativo na consciência católica. Pode falar-se mesmo de uma ‘transformação epocal’, no sentido de que o Concílio marcou “o princípio do fim” de uma mentalidade de ‘Contra-Reforma’, que condicionou a identidade católica desde Trento [séc. XVI] até aos nossos dias”, escreve.

Borges de Pinho assinala que, desde o final do Concílio Vaticano II se “avançou mais” do que “nos últimos cinco séculos”, embora persistam “tarefas bem complexas a enfrentar”.

Fernando Soares, bispo da Igreja Lusitana (Comunhão Anglicana), observa, por seu lado, que este Concílio, iniciado há 50 anos, “foi uma porta aberta por onde entrou a frescura do vento transformador do Espírito”.

“Em particular com o seu Decreto [sobre] ‘O Ecumenismo’, criou um entusiasmo inebriante que aqueceu o coração de todos os que naquele tempo, católicos e demais, anelavam por uma unidade visível entre as Igrejas Cristãs”, indica.

Para o bispo Fernando Soares, “a ausência de avanços nas formulações teológicas tem permitido pensar que o ecumenismo se tem estiolado nas preocupações das Igrejas”, uma situação que, do seu ponto de vista, “adormece os entusiasmos do Vaticano II”.

No mesmo sentido se pronuncia D. Eurico Dias Nogueira, arcebispo emérito de Braga e único prelado português ainda vivo a ter participado no Concílio, para quem “há muitos aspetos que poderiam avançar”.

“Sempre pensei que avançasse mais depressa e de forma mais rápida. Considero que o próximo concílio deverá ter como um dos temas principais o ecumenismo”, refere, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Este responsável admite, contudo, que “hoje, há mais relacionamento entre os cristãos, apesar das divergências teológicas”.

O ‘oitavário pela unidade da Igreja’, hoje com outra denominação, começou a ser celebrado em 1908, por iniciativa do norte-americano Paul Wattson, presbítero anglicano que mais tarde se converteu ao catolicismo.

OC | in Agência Ecclesia


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